terça-feira, 5 de março de 2013

Medo oscilante

Não sei se estou com medo da morte. Há mais ou menos um mês tinha certeza de que não, mas hoje não sei dizer.

Acho que o que sinto é uma anestesia geral. Só estou aberta ao que é bom, ao prazer que tenho tido de viver, de encontrar gente, de poder sair de casa, comer fora...

Talvez esteja exagerando no comer fora, mas encontros sempre incluem uma refeição e eu não rejeito uma!

Comecei a pensar nisso há pouco tempo e vi que não penso mais em morrer. Tinha como certa essa possibilidade e fiquei de stand-by. Estava vivendo e aguardando como se um dia fossem me desligar dos aparelhos, figurativamente falando, claro!, porque nem em pesadelo consigo pensar nessa possibilidade. Hospital? Morte horrível? Não. Vou morrer como meu pai – dormindo.

Para falar a verdade tenho certeza de que deletei a idéia de morrer, não penso mesmo nisso. E aí vem a analisada de muitos divãs dizendo que é alienação, negação e que devo encarar a verdade para poder resolver a situação.

Resolver o quê? Essa situação não tem solução diferente, saída honrosa ou escolha. É fato.

...

Uau! Acabo de me dar conta de uma coisa! Esse medo da morte, que me paralisou em 2006, foi em vão! Não morri, apesar das estatísticas e da medicina. Sofri à toa! Estava de cara para o gol, onde eu era a bola, e chutaram fora! Uau!

Eu era a bola da vez e um monte de gente amiga passou à frente e faleceu sem aviso prévio ou sequer estar condenada como eu. Muitos amigos queridos, muitos conhecidos se foram durante esse tempo. Tião R., amigão da Fátima e do Zézinho, a respeito disso diz, com a maior convicção: -“A Bia é imorrível!” Eu adoro essa afirmativa!

Meu coração está a toda. Não tinha pensado nem sentido isso antes e agora estou compreendendo tudo. Esses escritos têm sido uma terapia. Além de ficar horas em um texto – escrevo, me afasto do computador, vou almoçar ou jantar, volto, releio, faço, desfaço, refaço - depois de pronto ele não sai de mim. Fico dias pensando no assunto. E sentindo. Por isso tem sido terapêutico!

O fato de rever cada acontecimento tem me levado de volta “à cena do crime” e com ele têm voltado os sentimentos, que fico processando. E isso é o oposto do tenho sentido atualmente. Talvez esteja desviando o medo de hoje para o passado, o que justificaria a “coragem” de agora, já que minha dose de pânico está sendo gasta com o que já se foi.

Resolvi cuidar da vida em vez de ficar pensando na morte. Só pode ser isso! E viva a alienação!

3 comentários:

  1. Angela,
    A vida é uma luta diária. Uns lutam mais que outros, é fato. Mas, na realidade todos lutamos, e não pensamos muito na morte, preocupados que estamos com o sobreviver diário. Quando nos deparamos com a finitude, nos assustamos. Nos damos conta do quanto frágil somos, um sopro! Mas, é importante também para refletirmos sobre a nossa real passagem por aqui, por essa terra. Darmos conta de nós mesmos, quem somos, o que somos para os outros, e quem são os outros para nós. E, aí descobrimos pelo que realmente vale a pena lutar, quem amamos e quem nos ama. E, aí já valeu um pouquinho desse sofrimento, dessa vida tão curta (até uma tartaruga vive mais do que a gente!!) Só partimos quando Deus quer (assim acredito), e Ele não nos quer pensando na morte, e sim na vida que nos deu. Portanto, VIVA!!!Porque, mais cedo o mais tarde todos partiremos! Um grande beijo!!

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  2. Linda...
    Refletindo sobre o que escreveu aqui, pareço estar de frente comigo mesma... Embora, não seja tão " analisada " quanto você ( risos ) , como gostaria e precisaria ser, me sinto entre ondas de sentimentos, sendo carregada por vezes para as incertezas e medos , outras vezes para as convicções e tranquilidade... Estou certa de que esse perfil faz parte da nossa natureza... Então, meu amor, use e abuse , dos seus maiores dons, da coragem e do amor, para navegar por tantas oscilações... Sobre o destino de nossos dias , sobre o curso de nossas vidas, sobre os rumos que elas irão tomar... Ah, meu bem ... Esse script não é nosso - e não se trata de alienação , é um fato !!!
    Estou com saudade. Beijos.
    Denise

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  3. Anja da minha vida! Continue fazemos o que sempre fez e nos ensinou: ir em frente, apesar do medo. E,assim, você continuará indo muuuuiiiiito longe!!!! beijooooooooooooooooooo
    Rachel Lima

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